terça-feira, 29 de abril de 2014

E HOJE EU ACORDEI ASSIM...


 Me sentindo “ a última bolacha do pacote”
como diz minha sobrinha Patrícia.
 

 
Melhor que ontem?
Talvez sim, porque ontem, foi o MEU DIA. O dia de construção ou reconstrução, pois foi imensa a luz recebida.
Mas hoje, já colho frutos de me sentir muito especial.
Um ser, com certeza, muito melhor.
Elevada que fui, pelas palavras lindas, singelas, rápidas, emotivas, que recebi de todos os meus amigos.
O dia começou com o amor da minha vida, que do seu jeito, me abraçou e disse:
Você merecia estar em Paris,
 e não aqui.
Pronto!
Já ganhei o dia!
Achei uma graça, ri e contei para ele a piadinha que rola no facebook, sobre estar em Paris.
Rimos juntos.
O dia começou com a beleza da leveza.
Aí começaram as ligações dos filhos,
Henry, Gustavo e Denise, 
 que massagearam meu ego.
 
E aí vieram os amigos, irmãos...
Cada uma dessas palavras, e gestos, por menor, mais singelo que fosse, trazia consigo, um tempo dedicado a mim.
Uma atenção explícita, que fez de mim um ser realmente especial e feliz.

 
Cada palavra, os abraços pessoais, com massagem nas costas, dos que são presenças constantes, as ligações telefônicas, trazendo seus votos de felicidade, tudo isso, criou uma energia maravilhosa para o meu dia.
 
E eu me senti tal qual uma criança que vai recolhendo seus balões e sorri feliz soltando um a um, admirando a beleza colorida que vai se formando no céu.
E foi um dia lindo!
E ao cair da noite, eu já me sentia, a dona do mundo, olhando meus balões transformados em lindas estrelas e comecei a recolhê-las, para desfrutar mais um pouco desse sentimento único
de ser especial.
Dormi feliz!
E hoje, estou renascida, reconstruída!
Que seria de mim, se não tivesse todos os meus amigos, amores e irmãos, que estando presentes, me abraçaram, ausentes, me ligaram, me mandaram mensagens, lembraram de mim, e me fizeram
 tão feliz!
Obrigada a todos vocês!
Conseguiram fazer de uma segunda feira a festa mais linda.
Meu coração está em festa e enternecido, vibrando de volta a cada um, essa energia maravilhosa que colhi de vocês.
Um beijo no coração de cada um.
Irani Martins
29/04/2014

segunda-feira, 28 de abril de 2014

DIA DA SOGRA

Então...
hoje é dia da "Sogra"
Desde muito tempo, eu me idealizei como sogra.
Vejam bem, que não destaquei a palavra entre aspas, pois a mim, ela tem uma conotação normal, como outra palavra qualquer.
Mas quando idealizei a mim como sogra, eu dei a essa palavra a conotação de amiga, pois assim sempre me vi....

E então, numa brincadeira de escrever, de rimar, e assim colocar em palavras meus sonhos, escrevi esse singelo poema, que relembro aqui hoje, comemorando o dia da SOGRA.

 
 
Se consegui meu intento, só Deus sabe...
Eu, de minha parte, acredito ter tido
uma sogra amiga.
PARA AS MINHAS NORAS,
Tenho comigo um ideal,
Que espero consiga, legal...
Ser uma sogra diferente,
Das estórias que contam prá gente,
Não quero ser rabugenta,
Daquelas que nem se aguenta,
Quero ser uma boa amiga,
Daquelas... prá quem se liga.
Gostaria de Ter a certeza,
De conseguir a leveza,
De ser esse alguém especial.
Não ser a sogra mortal.
Se depender só de mim,
Garanto esforço sem fim,
Quero aumentar minha família,
Preciso de vocês como filha.
Quero poder abraçar,
Eu gosto muito de amar,
Já sinto meu coração vazado,
Pelo cupido acertado.
Chegaram como quem nada quer,
Esperando... dê no que der!
E se fizeram namorada,
Não me restou mais nada!
Fiquei orgulhosa de vocês,
Já não amo só os três,
Eu sei... sempre brinco!
Mas agora... meus filhos são CINCO!
 
Irani Martins

UMA REFLEXÃO PARA O MEU ANIVERSÁRIO.

 Me sentei,  para escrever algo para o meu dia.
O dia do meu aniversário.        

A chamativa que me veio à mente, mostra claramente a quem devo me dirigir.
Então...

Senhor,
É para Ti minhas palavras, para esta data tão significativa.

A responsabilidade ficou muito grande para alguém que ainda se encontra  de mãos abertas e vazias.

Me postar diante de TI, me envergonha, pois tenho mais derrotas que vitórias a te oferecer quanto ao meu progresso.

Digo que minhas mãos ainda se encontram abertas, pois ainda deixo escapar por dentre os dedos as oportunidades advindas da sua benção.
Tento...E num descuido...

Tudo me escapa pelos vãos, que deixo acontecer quando abro minhas mãos , durante minhas invigilâncias.
Uma vez li algo que  me faz pensar...

Porque somos assim tão invigilantes?
 

“O bem que eu quero, não faço

O mal que não desejo, esse eu faço”.

Paulo de Tarso


Prometemos todos os dias um novo amanhecer,

E quando o sol se abre, continuamos os mesmos seres imperfeitos.

Corremos atrás da tal felicidade,

Como se ela estivesse no caminho que percorremos,  ali postada, à nossa espera.

Um outro poeta deixou sua mensagem...

 
“Felicidade

 Só a leve esperança, em toda a vida,

 Disfarça a pena de viver, mais nada:

 Nem é mais a existência, resumida,

 Que uma grande esperança malograda.

 
 O eterno sonho da alma desterrada,

 Sonho que a traz ansiosa e embevecida,

 É uma hora feliz, sempre adiada

 E que não chega nunca em toda a vida.

 
 Essa felicidade que supomos,

 Árvore milagrosa, que sonhamos

 Toda arreada de dourados pomos,

 
 Existe, sim : mas nós não a alcançamos

 Porque está sempre apenas onde a pomos

 E nunca a pomos onde nós estamos.”

Vicente de Carvalho
 

E assim vamos, correndo atrás do que não está fora, mas...

DENTRO!

Como nossos olhos estão voltados para fora, nunca vemos a verdade.

E por mais que tenhamos lido o que nos deixou  um outro poeta querido...

 
“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.”

Antoine de Saint-Exupéry
 

Ainda estamos cegos.

 
E tu continuas nos mandando os seus anjos,

Com fachos de luz em forma de palavras,

Às vezes em forma de um toque de carinho,

E mesmo assim...

Quando nosso aniversário se aproxima...

Pensamos na vida e na morte.

A reflexão sempre vem, com uma consulta sobre a nossa felicidade.

Existe?
A vida vai passando por mim, estou passando por ela, ou estou vivendo?

E a morte, vai chegando...
O que fiz até aqui?

Volto então Meu Senhor, ao início de tudo.
Minhas mãos não estão completamente vazias, pois um pouco eu segurei, na palma da minha mão, em alguns momentos de vigilância, que me ajudaram a amadurecer um pouquinho.

Fico inibida, com vergonha, a cada novo ano que termina com promessas não cumpridas, e renovo minhas intenções de mãos abarrotadas de presentes para TI, no próximo ano.
O aniversário é meu, mas o meu presente eu queria que fosse para TI.

Um ser renovado.
Não como devolução de suas bênçãos...

Mas sentir a alegria de ser melhor para TI e saber que sorriu para e por mim.
De ser melhor que no ano que passou.

De ter galgado mais um degrau de encontro a TI.
Nos meus deslizes, me sinto derrotada.

E a cada dia em que me ergo, buscando compensações,
Sei que tu estás me amparando através dos seus anjos,

E isso aumenta minhas responsabilidades.
Triste por mim, vergonha de mim.

Enfim...
O que tenho a te oferecer?

Muito pouco!!! Mas estou tentando...
Preciso muito estar contigo e por motivos que não explico, embora as vezes tente,

Me afasto de TI.
Uma fraqueza que me acomete,

Uma covardia que se instala,
Com a minha permissão EU SEI, mas uma derrota verdadeira!

Que esta lágrima que cai, molhando meu rosto, seja o quebrantamento que levará a TI.

Amo-te...
Quero estar CONTIGO!

 Irani Martins
 28/04/2014.

sábado, 26 de abril de 2014

ESCUTATÓRIA

--> Rubem Alves
 
Sempre vejo anunciados cursos de oratória.
Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar.
Ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória.
Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.
 



Diz o Alberto Caeiro que
“não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores"
 
É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.
 
 
Faz muito tempo, nunca me esqueci. Eu ia de ônibus. Atrás, duas mulheres conversavam. Uma delas contava para a amiga os seus sofrimentos. (Contou-me uma amiga, nordestina, que o jogo que as mulheres do Nordeste gostam de fazer quando conversam umas com as outras é comparar sofrimentos. Quanto maior o sofrimento, mais bonitas são a mulher e a sua vida. Conversar é a arte de produzir-se literariamente como mulher de sofrimentos. Acho que foi lá que a ópera foi inventada. A alma é uma literatura. É nisso que se baseia a psicanálise...) Voltando ao ônibus. Falavam de sofrimentos. Uma delas contava do marido hospitalizado, dos médicos, dos exames complicados, das injeções na veia - a enfermeira nunca acertava -, dos vômitos e das urinas. Era um relato comovente de dor. Até que o relato chegou ao fim, esperando, evidentemente, o aplauso, a admiração, uma palavra de acolhimento na alma da outra que, supostamente, ouvia. Mas o que a sofredora ouviu foi o seguinte: “Mas isso não é nada...“ A segunda iniciou, então, uma história de sofrimentos incomparavelmente mais terríveis e dignos de uma ópera que os sofrimentos da primeira
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
 
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não “evangélico“), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.“ Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.“ Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.“ E assim vai a reunião.
 
Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em “U“ definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: “Meus irmãos, vamos cantar o hino...“ Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar. A música acontece no silêncio. É preciso que todos os ruídos cessem. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto... (O amor que acende a lua, pág. 65.)

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O CAQUIZEIRO

E ele retorna...
 
 
Todo ano,
 
O tucano vem atender ao chamado do caquizeiro, carregado de frutos doces.

Tão colorido e cheiroso,
O caquizeiro, torna-se, também, irresistível aos nossos amigos passarinhos, que se associam conosco e ao tucano ...turista,
nos prazeres da degustação desta delícia.


E assim,
ano a ano...
o caquizeiro recebe ilustres visitas, que alegram o nosso quintal,
trazendo também novas cores e nuances,
modificando a paisagem rotineira,
dando um novo toque à velha paisagem.
A Vida se renova!

 
Irani Martins
 
22/04/2014
 

SOU FORÇA

Sou Força
 

A força está por aí,
Espalhada no universo,
Em seu formato atômico....

Buscá-la, demanda sintonizá-la,
Em pensamento.
A criatura, age, buscando sua origem,
Se integrando ao seu habitat.
Gira, à procura da força,
E nesse círculo que forma,
De procura, busca e desencontros,
Acaba por se encontrar,
Se descobre...em si mesmo.
Sou átomo, sou energia,
Sou parte desse todo universal.
Sou força!
O círculo se fecha.
O que busco?



Irani Martins
24/04/2014

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A CASA, O QUINTAL, O LAR a SAUDADE.


Da janela,
Avisto a casa ao lado, pintada de cor de rosa.
E a paineira amiga, sombreia, num colorido igual.
Alguém vem vindo, andando, com as mãos cheias dos
ovos frescos,colhidos agora.
Tal qual criança que foi, e ainda conserva muito dessa criança consigo, coloca alguns no bolso da camisa, da calça, para ajudar no transporte.
 
 
E a vista corre pela paisagem, colhendo o frescor do dia, que amanheceu com ares nublado, prometendo a chuva esperada e que será tão bem vinda.
O dia está convidando a ficar assim,
observando,
procurando o que na pressa de todo dia os nossos olhos não veem.
 
E meus ouvidos estão atentos, ao trinado dos passarinhos.
Bem te vis e canarinhos, parecem competir, cantando todos ao mesmo tempo.
Vejo um canário amarelo pousando na árvore ao lado,
 
mas a borboleta, encanta na florzinha do jardim.
 
 
Dias assim, me leva ao tempo que se foi...
E se foi há muito...
Um tempo em que vagalumes compunham a cena familiar das "contações de causos".
 
Para que luz elétrica, se a lua nos proporcionava a claridade necessária e ideal para o momento e para o cenário das narrativas?
 
Interessante, que a maioria dos "causos" contados eram de terror e era grande  a expectativa para o final da história.
Outros "causos", tinham fundo moral, e a maioria nos enternecia, pois sempre havia uma luta entre o bem e o mal, onde o bem sempre vencia, nos mostrando um lado puro da vida.
Crianças puras que fomos...
Sempre tinha alguma guloseima, prática, pois todo mundo de "mamando a caducando" queriam estar na roda.
Às vezes pipoca, bolinhos de chuva, chá, coisinhas assim, que complementava, pois o foco eram as histórias.
Meu pai contava as suas, e ele tinha uma especial "Os 40 bois", tantas vezes nos reunimos, tantas ele contava, e todo mundo ria, mesmo que já conhecesse e tivesse ouvido muitas e muitas vezes.
Tem coisa melhor que ouvir um pai contar seus "causos"?
 
Tem magia, tem orgulho, tem admiração,
tudo envolvido, com as emoções da narração.
Como tudo foi tão bom!
 
O dia me levou lá atrás....
E agora me traz de volta à minha realidade...
Tudo está tão quieto!
Não foi o dia...
Foi a saudade...
 
Irani Martins     23/04/2014




sábado, 5 de abril de 2014

UM DIA DAQUELES...

Um dia daqueles...
 
Um dia daqueles, pode significar muitas coisas.
Para cada coração, uma janela.
Para o coração que canta...
Um dia daqueles é o dia onde os pássaros cantam, a vida tem cores e tudo parece lindo.
Para o coração que chora...
Um dia daqueles, pode ser um dia de chorar a saudade de alguém que se foi,
 levado pela morte ou pelas perdas da vida,
Para um coração sereno...
Um dia daqueles...
Está representado na calma tranquila de esperar, apenas esperar,
 que o espetáculo da vida aconteça dia a dia.
Para o coração que está triste...
Um dia daqueles, pode ser muitos dias dentro de um mesmo dia...
É um dia de cor cinza,
onde os desencontros acontecem logo que os olhos se abrem,
 e você não entende o porque.
É um dia daqueles, que você chora o dia da primeira decepção da criança que foi,
 relembrando detalhe a detalhe...
É o dia, que fica pensando se tomou os rumos certos nas bifurcações da sua estrada...
Um dia de questionamentos entre o ontem e o hoje...
Um dia daqueles...
Um dia daqueles em que você só queria ser mimada, se saber amada,
 para que todos os questionamentos se fossem e você pudesse saltar num minuto
para um dia daqueles...
UM DIA DAQUELES...
Onde não houvesse dúvidas de que fosse o que fosse a vida,
 o dia, o momento, a hora, a idade, a solidão...
Haveria serenidade no coração...pois a esperança lá estaria plantada,
 na certeza de que em qualquer despertar, a janela que se abriria mostraria a paisagem esperada
 e sonhada de todos os encontros com os entes amados.
Um dia daqueles é...um dia daqueles para cada dia alegre ou triste do seu coração.
 
Irani Martins
 
05/04/2014